Descubra as aulas de dança com Marilia

As aulas de dança no Instituto começaram em abril de 2016. Ministradas pela Professora Marilia Zamilian, essas aulas tinham como objetivo desenvolver habilidades corporais por meio de práticas recreativas, técnicas de dança e jogos de improvisação.

Conhecendo mais de perto os alunos e observando o contexto social dentro da comunidade, Marilia mudou sua metodologia e passou a abordar a escuta sensível em suas aulas, ao perceber no comportamento dos alunos a necessidade de falar, expressar ideias e dialogar. Cada aula praticava a escuta individual e coletiva, com a intenção de exercitar a empatia e o acolhimento. Essa prática foi muito importante para estabelecer um vínculo com os alunos e para que eles vissem que os interesses de todos eram contemplados. A diferença no comportamento dos alunos foi significativa, pois muitos não conseguiam ouvir uns aos outros e eram agressivos. Após muitas rodas de conversa, entendemos como a dança possui sua própria identidade: ela carrega um pouco de cada um.

A aula de dança muda a cada ano, sendo identificada como Dança Contemporânea. A Dança Contemporânea é caracterizada pela liberdade de expressão e por não ter uma rotina ou passos pré-estabelecidos. Há uma ferramenta muito importante para esse estilo de dança: a improvisação.

 

Improvisação:

Por meio da improvisação, criamos movimentos, investigamos possibilidades, aprendemos a conhecer nosso corpo, observar e responder uns aos outros. Além da improvisação, a dança contemporânea também pode ser combinada com outras técnicas, como balé clássico, jazz, educação somática, entre outras.

Dessa forma, a aula de dança no Instituto Playing for Change no Brasil não segue um modelo pré-estabelecido, nem se preocupa com a execução “perfeita” dos movimentos. Ela valoriza todos os corpos e formas de se manifestar, porque somos diferentes. Busca cultivar a espontaneidade das crianças, os sorrisos, as descobertas, e levar tudo isso para uma apresentação. Portanto, nossa dança sempre tem uma história para contar, uma reflexão para instigar.

 

Aprendizado Físico e Emocional:

Diversas técnicas são abordadas em aula, como Improvisação, Educação Somática, Balé Clássico, Dança Moderna e Hatha Yoga, que trabalham diferentes qualidades físicas e habilidades, proporcionando aos alunos experiências diversificadas. Além do conhecimento técnico, estratégias de aprendizado e jogos, os alunos também aprendem a inventar, interagir e se divertir de maneira lúdica e espontânea. Algumas habilidades pessoais também são incentivadas, como autonomia, criatividade, coletividade, etc. O estímulo à autonomia faz com que os alunos se sintam mais autoconfiantes.

Ao estimular a criatividade, vemos a identidade de cada aluno florescer. E ao promover o autoconhecimento, cultivamos a autoestima e a segurança pessoal. Assim, a dança vai além do conhecimento técnico, pois é o pulsar da vida.

Reconhecendo o desejo das crianças e adolescentes de se aprofundarem na dança, além das aulas regulares, Marilia criou o Grupo de Dança Contemporânea no Instituto Playing for Change em outubro de 2017. Desde então, o Grupo de Dança atende crianças e adolescentes de 7 a 17 anos, promovendo aulas semanais gratuitas, com foco no aprimoramento artístico, na criação de coreografias e nas apresentações em Shows e Festivais. Através dessas ações, buscamos transformar a realidade dessas crianças e adolescentes!

 

Nesses três anos de atividade, o Grupo de Dança participou de várias Exposições e Festivais, apresentando-se em alguns dos principais teatros e palcos da cidade de Curitiba/Paraná. O grupo sonha em se apresentar no Festival de Dança de Joinville – o maior festival de dança do Brasil, assim como em escolas públicas de todo o país.

 

DEPOIMENTO DA PROFESSORA MARILIA

Quando dei a minha primeira aula na ONG Playing for Change logo pensei: “Essa experiência será desafiadora!”. Nas primeiras aulas eu não conseguia colocar em prática o que eu havia planejado, os alunos eram muito agitados e agressivos, e eu não sabia lidar com os comportamentos. Até então, eu só havia trabalhado em escolas e academias de dança. Mas eu não queria desistir dessa experiência e comecei a buscar outras estratégias para levar a dança até eles. Estudei, testei brincadeiras, chorei, ri, e mudei completamente a minha metodologia com o passar do tempo. Tudo mudou quando resolvi começar as aulas com as rodas de conversa. Percebi que ouvir os alunos, conhecer suas histórias, gostos e interesses eram prioridade, pois eles tinham muita necessidade de falar e expressar suas ideias. Percebi também que eles precisavam exercitar a escuta sensível, ouvir o outro com respeito, e se ouvir. Foi a partir deste momento que eu passei a criar as aulas de maneira colaborativa, junto com eles e a partir dos interesses deles. Entender o contexto social da comunidade onde esses alunos moram também fez toda a diferença, assim como entender a estrutura familiar de cada um. Isso nos tornou mais próximos! Para mim, abraçar e ouvir os alunos são os momentos mais importantes do nosso encontro. E foi a partir desse vínculo que a dança começou a conquistar o seu espaço e sua identidade no PFC. Hoje, nossa sala de aula vibra com tantos corpos em movimento, sorrisos e alegrias. Aprendemos juntos, nos comunicamos através da dança e construímos uma dança que diverte, questiona e acolhe. E eu sou apaixonada por essas crianças e pela oportunidade de fazer dança com elas! O Grupo de Dança possui uma característica muito pessoal, que é a do acolhimento. Nos tornamos uma grande família e sentimos que podemos contar uns com os outros, em qualquer situação. Desde os assuntos da dança, até os problemas pessoais de cada um. Nas aulas, as alunas se sentem à vontade para expressar seus sentimentos, e sempre me procuram para conversar. As inseguranças e problemas pessoais também são trabalhados nas aulas de dança através do acolhimento, das conversas, e práticas que promovem o autoconhecimento. Muitas alunas relatam que veem a dança como um refúgio, pois sentem que podem se expressar, se conhecer e descobrir sensações e alegrias através dela. O aprendizado em dança não se distancia da vida real, pelo contrário, a realidade nos inspira a dançar. Nossos sentimentos, a história de vida de alguém, nossas revoltas, sonhos e desejos se transformam em dança. Seguimos dançando e alcançando nossos sonhos juntos!

QUEM É A PROF MARILIA ZAMILIAN

Marilia Zamilian é Professora de Dança, Coordenadora pedagógica e Professora de Yoga na ONG Playing for Change Brasil. É formada em Dança pela Faculdade de Artes do Paraná – UNESPAR, e Pós Graduada em Estudos Contemporâneos em Dança pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Possui formação em Hatha Yoga pelo Centro de Estudos e Práticas em Yoga – CEPY. É bailarina, coreógrafa e pesquisadora na área da Videodança. Coordena o Grupo de Dança Contemporânea do Instituto Playing for Change desde 2017.

Depoimento dos alunos de dança:

 

“A dança para mim serve como refúgio, é onde eu me sinto à vontade para ser eu mesma, para explorar meus sentimentos, soltar tudo que está dentro de mim. A dança me ajuda a me soltar mais na frente das pessoas, conhecidos e desconhecidos, mas ainda é mais fácil na frente de desconhecidos. Tem dias que eu estou simplesmente triste, que passo por dificuldades, pensamentos ruins, mas basta botar os meus pés para dentro do salão que tudo melhora, não importa quão ruim esteja meu dia. Por conta da dança, hoje tenho pessoas maravilhosas na minha vida que não troco por nada, e que não me imagino sem. A dança pra mim é libertação, espontaneidade, felicidade.”

-Kauane da Silva dos Santos, 16 anos

 

“Bom, as pessoas costumam julgar a dança e dizer que tudo é muito fácil. Fazer os movimentos, ensaiar os passos, colocar uma roupa bonitinha e subir no palco? Dança é você entrar no personagem de dançar! Dança é você entrar no palco e sentir cada movimento! A dança transforma quem nós somos! No meio dessa fase que estamos passando, a dança entrou na minha vida com uma força enorme! E me deu forças para perceber que eu era capaz de passar por isso e muito mais. A dança despertou em mim sentimentos que me fizeram seguir em frente! Hoje eu sei que é muito mais do que subir no palco e dançar! É subir no palco e se entregar! É colocar em cada movimento sua vida! É se descobrir! Dança é uma arte! E foi isso que me inspirou e é o que me inspira a sorrir todos os dias! Eu aprendi que não precisa de palavras, não precisa de escrita! Eu aprendi a desabafar e conversar pela dança! E cada movimento diz mais do que mil palavras! Eu amo dançar! Eu amo ser bailarina! E foi a dança que me ensinou a me amar!”

-Naraiany Martinato Cunha, 13 anos

“Ser bailarina não é só de corpo, é de alma. Ser bailarina é contagiar alegria e doçura no olhar. É dançar como o vento move as folhas, é sentir a música e emocionar-se, é amar e amar-se… Fazer aula de dança é uma experiência incrível, o melhor ainda é saber que todas as meninas são realmente amigas e saber que podemos confiar uma na outra. Eu amo muito isso, e nessa época de pandemia tá difícil nossos encontros e faz muita falta. A dança transforma!”

-Dafyni Yohana S. da Cruz, 14 anos

 

“Dance changed my life. During this pandemic, I was a little sad and missed everyone as well as dancing on a stage. Little by little, we have been meeting, with all the precautions needed. Now I’m more excited and happy thanks to the girls and the teacher.”

-Karine Carvalho, 15 anos

 

Ser menina, ser mulher não é fácil, na verdade ser um ser humano não é fácil! Mas já pararam pra pensar o quanto uma menina (mulher) sofre? Pois é… Bastante! Acho que a partir do momento que uma menina decide o que quer ser pra vida, todas as escolhas dela mudam! Eu decidi ser bailarina… E ser bailarina é algo tão surreal, e algo que parece ser de outro mundo! Ser bailarina não é só ter momentos felizes em cima do palco, mas sentir dores após um dia de aula, é se sentir triste quando algum passo não saiu certo, é se sentir inferior a outras pessoas que pensamos ser melhores que a gente! Mas dançar tem seu lado bom sim!!! Tem aquele momento de alegria de ver o grupo todo se empenhando pra alguma apresentação! E sentir um friozinho na barriga antes de entrar no palco e, depois de sair, querer mais! É saber que não precisamos fazer uma abertura pra ser uma bailarina!! Esses são os sentimentos de dançar. Então, se você aí pensa em entrar no mundo da dança, mas tem medo, ou pensa ser uma pessoa sem talento, tire isso da sua cabeça e se jogue!!! Afinal, ninguém nasce sabendo.”

-Karolayne Aparecida de Paiva Tavares, 15 anos

 

“Bom, ninguém disse que iria ser fácil ser uma bailarina. No começo, vários julgamentos, várias olhadas diferentes, desmotivação, mas nós estávamos lá com nossa cabeça erguida, pulando qualquer obstáculo, e hoje somos felizes com o que fazemos, sabe por quê? Porque fazemos de coração, essa é a essência da coisa. As pessoas têm mania de olhar para nós bailarinos e achar que já nascemos sabendo dançar, como se tivéssemos jeito para dançar, como se tivéssemos talento, mas esse ‘talento’ se chama força de vontade. Quando gostamos do que fazemos, nada e nem ninguém é capaz de tirar aquilo da nossa cabeça, a não ser nós mesmos! O mais gratificante é olhar para você e ver seu corpo evoluindo. É tão gratificante ver a evolução de um colega da dança, ver que ele está ali porque gosta, está ali porque aquilo mexeu com ele. São coisas pequenas que, para outras pessoas, não fazem diferença, mas para nós é uma etapa concluída com sucesso. Até hoje, tem pessoas que não acreditam no que fazemos, não acreditam que temos potencial, mas com o tempo vamos mostrar que a dança pode mudar tudo, a dança muda seu dia! Quando você está triste, pra baixo, mas coloca uma música alegre e dança do seu jeitinho, pronto! Você mesmo mudou seu dia! Ou quando está em um lugar público e tem uma pessoa dançando e você acha engraçado, aquilo mudou seu dia! Devemos prestar atenção nas pequenas coisas que acontecem com a gente, essa pequena coisa pode mudar seu dia facilmente.” (Maryana Pereira Ficagna, 15 anos)

-Maryana Pereira Ficagna, 15 anos


Playing For Change Foundation é uma organização global sem fins lucrativos fundada em 2007, que oferece oportunidades criativas para jovens marginalizados e em situação de risco, principalmente no mundo em desenvolvimento. Acreditamos na música como um instrumento de mudança e estendemos nosso trabalho para apoio humanitário, desenvolvimento comunitário, energias renováveis, educação esportiva e aulas formais noturnas.

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